Bolsonaro envia brasileiros a morte como quem manda gado ao matadouro

 


Neste 22 de novembro o Partido Liberal apresentou ao Tribunal Superior Eleitoral mais uma contestação das eleições. Desta vez o partido de Valdemar Costa Neto pede a anulação dos votos depositados em 250 mil urnas. Segundo o cacique os modelos anteriores a 2020 apresentam falha no log, o que poderia desqualificar seu uso na contagem de votos. 


Este blefe não deve prosperar. Em primeiro lugar porque o argumento é frágil, segundo porque o ministro Alexandre de Moraes tratou de trucar a investida golpista pedindo que 1) o PL estenda o pedido de anulação aos votos depositados nestas urnas no primeiro turno e 2) que apresentem provas materiais dentro de 24 horas. A primeira exigência fatalmente retiraria votos do próprio Bolsonaro e de apoiadores ilustres eleitos para o legislativo e executivos estaduais. A segunda é um aviso claro: a agremiação pode sofrer consequências, já que a ausência de provas materiais configura litigância de má-fé. 


Longe de nos trazer tranquilidade, estas movimentações aparentemente fracassadas atingem um objetivo bem prático: insuflam a militância bolsonarista e sustentam a fé daqueles fanáticos que nos últimos tempos andam apelando até para a interferência extraterrestre. A consequência deste feito é o estímulo a mais radicalismo, mais violência e mais crimes. 


Não custa lembrar que estes dias o país descobriu um áudio criminoso enviado pelo ministro Augusto Nardes a um grupo de amigos no whatsapp. Nardes é membro do Tribunal de Contas da União e foi responsável pelo relatório que rejeitou as contas de Dilma Rousseff, caracterizando o argumento da pedalada que apeou a petista da presidência da República. Nardes falava em agitação na caserna e movimentações subterrâneas para impedir a posse de Lula. Enquanto o ministro tentava sair da berlinda, seu áudio virou maná no curral bolsonarista. A esperança dos cínicos se revigora apesar de a derrota ser certa e um golpe parecer (ao menos por hora) impossível.


Outros que costumam incensar estas ações são comentaristas de rádios, YouTubers, militantes destacados e até políticos que reverberam a lavagem de Bolsonaro nas redes. Estes fiadores do bolsonarismo apenas ampliam o discurso golpista, iludindo os insensatos que estão dispostos a acreditar na mentira. 


A grande questão é que estas ações podem não resultar em um segundo mandato para Bolsonaro, mas minam o tecido social e abalam as instituições. O país não se pacifica e o próximo governante (o eleito) terá mais dificuldades para liderar o país. O objetivo, portanto, é terrorismo puro e simples. 


Reparem que nesta seara de maldades e crimes, temos a persistência dos radicais e a insensibilidade de quem fomenta o caos. Sociopatas como Bolsonaro e os membros de seu entorno estão dispostos a incendiar o país e ceifar quantas vidas forem necessárias para garantir seu projeto criminoso de poder. Se a meta desta gente é mergulhar o país na instabilidade e talvez numa guerra civil como o presidente declarou em seus tempos de deputado do baixo clero, é bom calcular que este processo produz cadáveres.


Claro, o então deputado Bolsonaro sabia do risco e confessou não se importar. Como também não se importam seus apoiadores histéricos que se aglomeram na porta de quartéis clamando por golpe. A questão aqui é notar como Bolsonaro oferece a vida de brasileiros em sacrifício no altar do poder. O golpista atua desta forma deste que chegou ao poder, estimulando o ódio e divisão. A violência começou com o mestre de capoeira Moa do Katendê, de lá para cá já atingiu mais de uma centena de vítimas de agressões, ataques, calúnias, assédio e até assassinato. 


Sim, estamos falando de vidas de brasileiros. Isso deveria importar para qualquer espectro ideológico, mas não: o bolsonarismo, e em particular Bolsonaro, não dão a mínima. Assim como os escravagistas viam os africanos e descendentes como commoditie a ser consumida na construção de seu patrimônio, também a extrema-direita brasileira vê vidas humanas como cana que será descartada assim que se torna bagaço. O radical de direita que comete um ato extremo é útil para intimidar os opositores e insuflar outros da mesma índole, mas será oficialmente abandonado assim que consumar seu fato. O radical que ameaça as instituições, o otário na porta dos quartéis, o patriota do caminhão ou o desavisado que profere ameaças contra autoridades estão praticamente na mesma categoria de suas possíveis vítimas, sejam elas esquerdistas ou inocentes sem posição ideológica. 


Bolsonaro vê a todos como gado. Com a frieza que lhe é característica, espera dispor da vida dos que o apoiam, dos que são críticos e dos indiferentes ao sabor das conveniências. O líder da seita macabra e seus apoiadores mais destacados não esperam sofrer qualquer consequência. Lembra em muito um certo alemão homenageado por um secretário de Bolsonaro com um dos cosplays mais infames da história. Aquele cidadão também pregava o ódio e dispunha da vida alheia como se nada fosse. Primeiro dos ditos "indesejáveis", depois de supostos traidores passando a vida dos próprios alemães que se deixaram instrumentalizar pelo nazismo. Ao fim o sujeito sacrificou a família inteira apenas para evitar que seus filhos vivessem em um mundo diferente daquele paraíso de psicopatas que ele tentou construir com Hitler. Reside aqui o desafio que o destino confiou ao Supremo Tribunal Federal e ao Tribunal Superior Eleitoral nesta quadra histórica: defender o Brasil da ameaça mais grave já colocada diante de nós. Este fantasma de medo, morte e miséria é o Bolsonarismo, para combatê-los é necessário coragem e persistência - já que os sociopatas não sabem o que é descanso.[left-sidebar]



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