Malafaia, o condestável-bufão

 


A função do condestável é uma destas figuras históricas interessantes pelo papel de relevo desempenhado em várias partes do mundo ocidental de séculos atrás. O termo vem de “come stabulli”, o estribeiro-mor. Esta figura de grande proeminência no meio militar tinha por obrigação cuidar das cavalarias,  importância que só ficava abaixo do soberano. Com o tempo a expressão virou cargo em diversas paragens, como França e Portugal. Era a mão direita do rei.


Como no Brasil marchamos de modo firme rumo ao passado, não é de se estranhar o resgate desta função. O inconveniente é que no lugar das casas nobres que produziram os condestáveis da França e do Reino de Portugal, o que temos são aventureiros e escroques reivindicando nacos do poder legitimamente constituído (que por hora é exercido por um sujeito que pouco se assemelha a um ser humano). No lugar de Nuno Alvares Pereira temos tipos como Silas Malafaia.


Malafaia sempre fez da língua sua arma, disparando a metralhadora giratória contra alvos friamente calculados. Ávido por poder e dinheiro, o lobo senhor de rebanhos atacou medidas sanitárias e espalhou que a razão por trás do distanciamento era a perseguição a fé cristã. O fez de caso pensado, queria provar lealdade ao governo de quem é fiador. Ah, ele não pretende ser coadjuvante por muito tempo: corre a boca pequena que um dos mais notórios vendedores de indulgências do meio pentecostal está de olho na cadeira de vice de Jair Bolsonaro. A conferir. 

Enfim, o fato é que agora Malafaia resolveu se posicionar como o avalista de André Mendonça, pastor presbiteriano e torturador do estado democrático de direito apontado ao STF por ser “terrivelmente evangélico”. A investida de Jair contra as instituições fez o presidente da Comissão de Constituição e Justiça  David Alcolumbre travar a nomeação, o que irritou o condestável do submundo. O ilusionista Malafaia sempre deu a entender que seu poder e influência são suficientes para ungir um presidente ou ministro de estado, simular que teve peso em uma indicação ao STF seria a glória do grande mentiroso.


Aqui está o motivo de irritação deste Pinheiro Machado gospel: como o autodeclarado Papa dos Evangélicos se fará respeitar depois da negativa de Alcolumbre? O desespero é tamanho que o condestável do submundo mirou até em outros ministros para não perder a marra (a saber: Ciro Nogueira e Fábio Faria). Mala está como o pinscher na garagem: minúsculo e limitado, usa do descontrole e da boca escancarada e latido esganiçado para projetar a força que não tem. 


Silas Malafaia sempre se deu bem em suas cruzadas pela indignidade. É o tipo que abraça qualquer um que possa lhe proporcionar degraus, vai de Morris Cerullo a Lindbergh Farias sem trocar de roupa. A campanha que faz pela nomeação do jagunço Mendonça é consequência da aposta alta que fez em Bolsonaro, reconhecido pelo próprio vendilhão do templo como uma dessas coisas ordinárias que em muito confundem os sábios. Problema é que o estribeiro Malafaia não tem no povo evangélico o curral que gostaria, o sujeito é dono de uma denominação menor sem necessariamente controlar os votos de todos os seus fiéis. Considerando as características sociais dos evangélicos brasileiros, é bem provável que no sei da ADVEC surjam traidores do pastor, gente que não vai reeleger o responsável por um genocídio na pandemia e pela alta história nos alimentos e nos níveis de desemprego. Como o condestável do submundo sobreviverá depois que sua irrelevância ser desnudada a vista de todos? O mais provável é que sustente seu papel mesmo quando ficar claro que o histérico personagem não passa de um bufão, uma versão gospel piorada do querido Pedro Malasartes.[left-sidebar]

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