Pastor Milton Ribeiro: um homem no lugar certo
Mesmo sem apresentar um só projeto, mesmo sem realizar uma única política pública positiva que fique como legado em sua pasta, o pastor Milton Ribeiro soube como poucos garantir seu quinhão de exposição midiática. Lotado no estratégico Ministério da Educação, o ministro presbiteriano se notabilizou por insultos a inteligência, aos direitos humanos e ao próprio Evangelho que ele supostamente defende. Defensor de soluções como “surras pedagógicas” em crianças e da necessidade de manter os pobres fora das universidades (“elas são para poucos”), Milton concilia de forma coesa princípios que formam a base do governo Bolsonaro: a ignorância, a estupidez e a maldade.
Sua última pérola foi sobre os deficientes, que Milton considera um estorvo para o desenvolvimento da maioria. Reparem que a proposta de sociedade do irmão se dá pela supremacia das capacidades e não pelos laços de solidariedade que protegem seus elos mais fracos. Milton Ribeiro só falta culpar os mais vulneráveis por suas fraquezas, impondo a eles o custo da marginalização como suplício pelo crime de existirem. É muito feio, mas depois de sinalizar para a base reacionária
que o sustenta é só fazer aquele ar bonachão dizendo que foi “mal-compreendido” ou que se expressou mal. Seria razoável pensar se Jesus também deixaria de fora os deficientes, os pobres, os pretos
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A resposta já temos.O impossível é disfarçar o padrão. Quando o país ainda nos desesperávamos pela compra de vacinas, Milton foi o responsável pelo ENEM da exclusão. Os alunos pobres que ficaram não puderam estudar devido à paralisação do ensino ficaram ainda mais atrás dos filhos da classe média alta. Para apimentar ainda mais a gincana pela sobrevivência, Milton nos brindou uma avaliação que deixou de fora mais de metade dos alunos (o recorde do exame=55,3%). Simplesmente porque o distanciamento diminuiu a capacidade das escolas e universidades que receberiam a prova, e o MEC deu de ombros para quem não conseguisse lugar. Esta versão real de “Jogos Vorazes” tem método, foi implantada antes pelo intragável Abraham Weintraub e reforça a crença deste governo no triunfo dos mais fortes.
Ver um pastor metido neste meio deveria causar espanto, mas no caso de Milton e do que ele representa a reação é outra. Milton se filia aos que enxergam no calvinismo uma justificativa moral para a regulamentação da barbárie. Companheiros de cosmovisão do tal pastor a segregação racial nos Estados Unidos e o apartheid na África do Sul. O cristianismo deles não é o que acolhe, cuida e protege: eles são a antítese disto, já que preferem expulsar, ferir e atacar quem é mais fraco. É o governo dos lobos, com o pastor eugenista como membro da matilha.
Antes que as polianas intercedam pelo mau pastor, lembro daquele dia em que o presidente celebrou o suicídio de um voluntário da vacina
Coronavac
. Milton Ribeiro riu. Ele também arreganhou os dentes em sinal de bajulação quando Bolsonaro Foi ao programa do Sikêra
Jr. e se divertiu com a “brincadeira” do CPF cancelado. Milton Ribeiro ri com a dor e a desgraça, semeia o ódio como quem dá bom dia. No passado o pastor batista Roberto Pontuschka
era capelão do Exército, pela noite torturava os presos e de dia visitava celas distribuindo o “Novo Testamento”. Milton segue esta trajetória imunda igualmente trilhada por tipos como André Mendonça, Damares
Alves, Pastor Lucinho, Ageu Magalhães, Silas Malafaia e outros que clamam por ditadura e apoiam um governo iníquo. O nome de Jesus (para eles) é apenas fachada para a podridão. Se pensarmos pela ótica do de Jair Bolsonaro e seu plano criminoso de poder, Milton Ribeiro está no lugar certo.[left-sidebar]