A besta do necrocalvinismo

 


Foi no reino Twitter que descobri e expressão "necrocalvinismo", talvez fruto de uma epifania de algum usuário em um momento de genialidade que resume muito bem certa corrente do protestantismo. Justamente a corrente que se tem como a mais severa a respeito das Escrituras, a mais rígida na moral e talvez a que mais arrogue para si algo parecido com aquele conceito de intelectualidade religiosa estabelecido pela Igreja de Roma. Infelizmente (para nós) eles são muitos.


É importante pontuar que os calvinistas arrogam para si um lugar de elevada moral no meio protestante, mas sempre ressaltando vitórias e omitindo uma história de contradições (algumas até criminosas). Como batista acho razoável o disclaimer: amo os irmãos calvinistas, fui muito edificado por eles e sigo me alimentando de muito o que é produzido ali. Mas nunca é bom tapar o sol com a peneira. 


Temos um problema com este grupo no Brasil. Porque parte dos nossos calvinistas são radicais de si mesmos, e de tão crentes nestas verdades são capazes até de prostituir os púlpitos. Não é nem implicância teológica porque simpatizo muito com a corrente e reconheço seus bons nomes, mas uma denúncia sobre as obcessões desumanas de alguns. Como diria Rita Lee: “Nossa amizade nunca foi a mesma depois que você tentou me matar”.


Vamos analisar: as principais denominações deste grupo emprestam caloroso apoio ao bolsonarismo. A Igreja Presbiteriana Central de Londrina usou o culto para colher assinaturas para a criação do partido Aliança Pelo Brasil, projeto fracassado da família Bolsonaro. Colaboram com o presidente genocida o pastor Milton Ribeiro na Educação (aquele que realizou a seleção do Enem em plena pandemia e que ri com gosto das obscenidades do presidente) e o pastor André Mendonça (lacaio que até pouco tempo atrás perseguia adversários do governo instrumentalizando o Ministério da Justiça). Um deles


No episódio recente envolvendo a ANAJURE (Associação Nacional de Juristas Religiosos), calvinistas se ligaram ao séquito de picaretas e fundamentalistas para pedir a volta dos cultos presenciais no pior momento da pandemia. Mentem alegando privação de direitos constitucionais enquanto apoiam um governo que ameaça de forma explícita a própria democracia. Aquela erudição e suposta polidez é colocada a serviço do Diabo, já que mascara um pouco das más intenções que emanam do esgoto bolsonarista.


Não deveria causar tanta surpresa, já que o grupo apoiou com alegria a ditadura militar. Também apoiaram a escravidão e a segregação nos Estados Unidos, além de manipularem as Escrituras para justificar o regime do apartheid na África do Sul. Apoiar o delírio bolsonarista (incluindo negacionismo científico e delinquência com a pandemia) é o caminho natural.


Dizer que há um problema nesta corrente a esta altura do campeonato é lugar comum, é preciso que os irmãos responsáveis se mobilizem contra. Não adianta se voltar contra os muitos mensageiros que virão. Esta besta do necrocalvinismo parece sempre faminta, militando pelo caos com ares de mansidão sociopata. O que eles querem é o oposto do Evangelho,  já que desejam morte. E morte em abundância.[left-sidebar]

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