Depois do estagiário, o condenado por estupro... Que fase vive o Corinthians!
Certa vez ouvi o Kevin Mil Grau sugerir que o atual grupo dirigente do Sport Club Corinthians Paulista odeia o time, sua torcida e sua história. Exagero retórico, pensei. O cara está nervoso, nestas horas falamos coisas desconexas da qual nos arrependemos depois. Quem diria, ele não poderia estar mais certo.
Veja como esse grupo dirige o clube. Nos enterraram em dívidas, contrataram um exército de jogadores inúteis, reduziram um dos times mais competitivos da década passada em um retiro para ex-jogadores em atividade. Inventaram que Sylvinho era técnico, arranjaram um português de moral questionável que saiu mentindo sobre a saúde da sogra (o resto é história). Em seu lugar, efetivaram um estagiário. De analista de desempenho Fernando Lázaro virou técnico, caindo com pouco menos de quatro meses de trabalho após colecionar vexames em série.
Fernando Lázaro, com todos os defeitos, não era o responsável por nosso ocaso. Os responsáveis foram seus contratantes, e o tempo tratou de comprovar isso de forma cristalina. Os mesmos que trataram Dorival com indiferença por meses agora se mobilizam para trazer Cuca, aquele técnico condenado por estupro coletivo nos anos 80. Sei que para muitos isso é uma bobagem, já que o cara é vitorioso e o clube está na pior. O que sei é que o clube está muito melhor que Sandra Pfäffli, que após o crime sexual sofrido nas mãos de Cuca e seus companheiros de Grêmio teve que enfrentar problemas de saúde mental, além das tentativas de suicídio decorrentes.
Bom frisar que ainda na semana passada a diretoria tentou engabelar a torcida lançando uma coleção de uniformes alusivas ao movimento Democracia Corinthiana, uma das mais belas páginas da história do clube – feito tão impressionante que a revista France Football criou o Prêmio Sócrates para jogadores engajados em causas sociais, concedido na mesma cerimônia que premia o melhor jogador com a Bola de Ouro. Mas não há compromisso com o conceito, e sim um desejo indisfarçável de criar cortina de fumaça para os crimes que esta diretoria pratica contra a instituição.
O motivo foi o constrangimento com as posições extremistas do profissional, que além de espalhar fake news e ataques contra o sistema eleitoral participou de manifestações golpistas na porta de quartéis. Reparem: Cuca não só comunga de certas visões de Santana como conta com esta condenação nas costas. O problema é que Rodrigo não tinha tantos amigos influentes, não contou com ex-jogador intercedendo por ele (é com você mesmo, Neto).
Não esperem nada deste grupo que não a indignidade, não vislumbrem em Duílio Monteiro Alves. Aos que entendem que o clube precisa voltar a vencer, é importante frisar que o Corinthians só existe em função de sua história e valores. Todos se revoltariam se a diretoria mudasse o pavilhão para verde e branco, se nossos dirigentes e influenciadores adotassem a retórica de que “este é o clube da elite”. Porque o que nos define é nossa identidade, se adotarmos estas mudanças não seremos mais Corinthians. Podemos lotar a sala de troféus, mas não será mais aquele clube fundado na esquina das ruas José Paulino e Cônego Martins, no bairro do Bom Retiro pelos operários Anselmo Corrêa, Antônio Pereira, Carlos Silva, Joaquim Ambrósio e Raphael Perrone. Seremos tudo, menos Corinthians.[left-sidebar]